Pe. Antão - Novo Testamento "Evangelhos: Memória de Jesus"

O Segundo Testamento atesta a realização das Sagradas Promessas anunciadas no Primeiro Testamento. Com o ministério de João Batista encerra-se o ciclo das promessas e abre-se um novo tempo na História da Salvação. O Povo de Deus é convidado a preparar-se para o acolhimento do Messias que já se encontra em seu meio (cf. Mt 3,1-12) e também é apresentado como “o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29).

Depois da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus de Nazaré a Comunidade de seus discípulos sentiu a necessidade de “por em escrito” os seus ensinamentos. A memória das ações do Senhor Jesus era transmitida oralmente e, na medida em que se distanciava cronologicamente no tempo, corria o risco de alguma deturpação (heresia). Os Apóstolos Mateus e João, que foram testemunhas oculares dos acontecimentos, escreveram a Boa Notícia (Evangelho) sobre Jesus Cristo. Também Marcos e Lucas, companheiros de missão junto com Pedro e Paulo, respectivamente, redigiram suas memórias. Assim foram formados os quatro evangelhos canônicos, isto é, que a Igreja reconhece como de credibilidade, que estão inseridos na Bíblia, no Novo Testamento.

Os evangelistas Marcos, Mateus e Lucas acessaram uma “fonte comum” para a composição dos mesmos. Daí as muitas semelhanças nos fatos narrados e, por isso mesmo, recebem o nome de evangelhos sinóticos. Foram escritos pouco depois da Ressurreição de Jesus. João redigiu o seu quase no final do primeiro século da era cristã. Cada um tinha uma intenção específica de acordo com os seus destinatários especiais. Isto se reflete na linguagem usada nos textos.

Marcos, o primeiro a por em escrito a vida de Jesus, procura demonstrar que Ele é o Filho de Deus ante a pergunta: quem é Jesus de Nazaré? (Mc 1,1; 15,39). Mateus, escrevendo especialmente para cristãos de origem judaica (judeus convertidos) assinala que em Jesus as Escrituras encontram o seu pleno cumprimento. Ele é o Guia do novo Povo de Deus à semelhança com Moisés (Mt 1,1; 12,18). Lucas, tendo como público alvo os cristãos oriundos do paganismo, busca apresentar a grande misericórdia de Jesus como Salvador de todos os homens e mulheres. É quem faz um relato mais minucioso incluindo episódios da infância do Senhor (Lc 1-3). João é o autor do último evangelho dirigido, sobretudo, para os cristãos de origem da cultura grega. É quem penetra em maior profundidade no mistério da pessoa de Jesus (Jo 1,1-16; 21,24-25). Por meio da descrição dos “sinais” procura revelar a divindade de Jesus de Nazaré como o Messias enviado para salvar o mundo (Jo 2-11).

Os Evangelhos não são meros relatos históricos da vida e obra de Jesus. São testemunhos de sua identidade captados pela fé compartilhada com a comunidade dos discípulos e discípulas. Buscam suscitar em nós o desejo e a decisão de seguir o Mestre de Nazaré, de continuar a construção do Reino de Deus, nele e por Ele feito presente, que agora é missão nossa de fazê-lo visível através da vivência da caridade (Jo 13,35). São a MEMÓRIA do agir de Jesus, isto é, no hoje de nossas vidas. Ele continua atuando em nós e por nós, realizando a salvação da humanidade para a qual foi enviado (Jo 3,16-18).

A Comunidade dos primeiros cristãos buscou a fidelidade no seguimento de Jesus. Isto nós encontramos nos Atos dos Apóstolos e Cartas Apostólicas. No próximo artigo refletiremos sobre esta bonita herança da Igreja primitiva. Até breve e que o Senhor esteja sempre com todos.

 

                                                                        

Pe. Antão Roberto de Melo

Pároco da Paróquia São Sebastião (Lavras)

 

Reproduzido do site da diocese: www.diocesedesaojoaodelrei.com.br