Pe. Antão - Novo Testamento "Cartas e Atos dos Apóstolos: Memória das Comunidades"


Os discípulos e discípulas de Jesus, atendendo ao chamado e envio em missão, foram fundando comunidades de fé em vários lugares do Império Romano. Primeiramente na Palestina e, a partir daí, alcançando outras regiões chegando mesmo à capital imperial, Roma. Tanto os judeus como os pagãos receberam o anúncio da Boa Nova: Jesus é o Enviado por Deus para salvar todos os povos (At 3,13.26) e os Apóstolos são as testemunhas de sua ressurreição e presença no meio da comunidade (At 1,8).

Lucas relata nos Atos dos Apóstolos a ação missionária dos discípulos e retrata os primeiros passos da comunidade daqueles e daquelas que acolhiam o Evangelho. Revela a ação do Espírito Santo agindo no meio dos fiéis diante dos vários desafios que se apresentavam no seguimento do Senhor Jesus (At 1,14.22; 4,12; 7,55). Realça as atividades dos Apóstolos Pedro e Paulo e seus colaboradores junto aos que aderiam à proposta de salvação e seus esforços para que o Evangelho chegasse aos confins do mundo. Assim, para que tudo isso não ficasse desconhecido e, consequentemente, o anúncio da Boa Nova, ele escreveu este livro para que as gerações futuras nele encontrassem uma base sólida para continuar no Caminho, que é o próprio Jesus. É o alvorecer da Igreja com suas primícias que Lucas nos brinda neste seu segundo livro.

Das 21 Cartas que compõem o Novo Testamento 13 são atribuídas ao Apóstolo Paulo. 02 a Pedro e 03 a João. Além destas temos: Hebreus, Tiago e Judas. São denominadas paulinas e católicas respectivamente. Revelam os cuidados pastorais das lideranças das comunidades em zelar pela fidelidade à Palavra de Jesus (seus ensinamentos e pessoa) perante as mais diversas culturas nas quais o Evangelho era anunciado. O distanciamento cronológico dos acontecimentos, que é inevitável, favorecia o aparecimento de novas compreensões sobre a identidade de Jesus, nem sempre verdadeiras, isto é, contrastantes com as Escrituras Sagradas e testemunhos de fé dos primeiros seguidores de Cristo. Isto exigia o cuidado zeloso pela fidelidade ao Senhor que se encontra expresso nos conteúdos das diversas Cartas (Gl 4,4 e Hb 4,15). Aborda vários problemas de convivência eclesial (Fl 2,5-6 e Cl 3,1). O zelo pastoral é especialmente percebido nas Cartas paulinas que demonstram todo o carinho de São Paulo pelas muitas comunidades por ele edificadas, consideradas pelo próprio, como frutos de suas entranhas. As Cartas são um excelente meio de evangelização uma vez que, retratam o esforço das comunidades primitivas, de fazer a memória de Jesus deixando-nos um verdadeiro tesouro da fé cristã.

O Apocalipse encerra o Novo Testamento. É o último livro da Bíblia cristã. Sua autoria é atribuída ao Apóstolo João que, diante das tribulações pelas quais passam a Igreja, busca encorajá-la a manter a fidelidade a Jesus Cristo e enfrentar, com esperança, os inúmeros desafios que se lhe apresentam no decorrer da construção do Reino de Deus. Por meio de imagens fortes e abundante simbologia descritos, chamada de linguagem apocalíptica, ele faz memória da luta da Igreja e da fidelidade do Cordeiro de Deus que tira o pecado (mal) do mundo.

Agradecimento

Deixo para você, que acompanhou estes pequenos artigos sobre a Bíblia, um convite para saborear a Palavra da Salvação. Ela é servida a todos e em todos os dias como alimento de vida eterna: “Felizes aqueles e aquelas que ouvem a Palavra de Deus e a praticam” (Lc 8,21). Dedique à sua leitura, não só com os lábios e a mente, mas com o coração, isto é, com amor e fé. Deus abençoe a todos vocês que comigo participaram deste banquete. Abraços de Pe. Antão.

 

                                                                      

Pe. Antão Roberto de Melo

Pároco da Paróquia São Sebastião (Lavras)

 

Reproduzido do site da diocese: www.diocesedesaojoaodelrei.com.br