Artigo - Família: Projeto de Deus

No Brasil celebramos a Semana Nacional da Família no mês de agosto. Momento de reflexão e de oração sobre a realidade de nossas famílias. Louvores e ações de graças pela existência deste grande tesouro que o Senhor deu à humanidade. Ela, família, é a maior riqueza que o homem e a mulher possam ter, uma dádiva divina que deve ser acolhida com muito carinho e amor.

O título deste pequeno artigo foi o tema do XX Congresso Nacional do ECC, realizado na cidade de Presidente Prudente (SP), em julho deste ano. Ele evoca a dignidade desta Instituição: a família não é apenas uma criação humana. Ela tem uma origem divina. Deus, depois de criar todas as coisas, criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança (cf. Gênesis). Tornou-os capazes de viverem em comunhão entre si e com o próprio Senhor. O modelo desta comunhão é a própria Comunhão Trinitária: o Mistério de Deus Pai e Filho e Espírito Santo. Três Pessoas divinas, mas, um só Deus. Ideal para a família humana: membros diferentes entre si, mas, com capacidade de viverem o mesmo ideal, o mesmo Projeto de Vida.

Deus sonhou para a família humana os mais belos destinos para ela. Que ela, vivendo numa comunhão de amor, possa alcançar a plena comunhão com Aquele que a criou. Comunhão que começa aqui na terra e será consumada na eternidade onde alcançará sua plena realização: a unidade perfeita dos seres humanos no seu Criador. Esta é a razão do existir da família: vivendo no amor gerando vida, vida plena que Jesus oferta aos seus membros. Aliás, Deus quis fazer-Se um de nós quando, no seio da Virgem Maria, assumiu nossa condição humana, nossa carne: o “Verbo de Deus se fez carne e habitou entre nós”. Ele revelou-nos todo o seu amor pela família humana no Mistério da Encarnação de seu Filho no seio da Família de Nazaré, de Jesus, Maria e José.

Hoje, encontramos várias maneiras de constituir uma família. Temos vários modelos de organizá-la. Sinais dos tempos modernos. Porém permanecem os valores que a acompanham deste o início da criação dos seres humanos. Valores inspirados pelo próprio Deus que são a “alma” da família. Dão sustentação à sua existência. São os pilares do edifício familiar. Dentre eles destacamos: amor, gratuidade, respeito, lealdade, fé, solidariedade, misericórdia, compaixão, fidelidade e muitos outros. Tudo isso deve estar presentes na vida familiar. Valores que são constitutivos da identidade familiar. Sem eles ela torna-se apenas um ajuntamento de pessoas, talvez com algum interesse em comum. Reunião de “cacos” de pessoas formando um mosaico humano.

Apesar das muitas contradições que cercam a vida familiar precisamos urgentemente de acreditar na família; defendê-la e promovê-la como caminho de salvação do ser humano. Amá-la como manifestação da presença amorosa de Deus em nosso meio. Reconhecê-la como fundamento primordial da sociedade humana que dela não pode “abrir mão”. Sejam quais forem as crises pelas quais ela passa continuará sendo essencial na formação da pessoa humana. É na família que aprendemos a ser gente, isto é, a nos reconhecermos como indivíduos capazes de viver em comunhão, de participar da vida de outros buscando um crescimento mútuo.

Sem famílias estruturadas e fortalecidas a sociedade humana corre o grande risco da desestruturação, ou seja, a destruição dos laços de relacionamentos sadios e vitais. Caminho para a destruição da vida humana e do planeta. Verdadeiro caos gerador de mortes. Por isso o grande convite da Semana Nacional da Família, que tem como tema: A Família: o Trabalho e a Festa: resgatar o respeito, a fé e o amor da família. Ela existe para gerar e garantir a vida de seus membros (trabalho), mas também para celebrar a vida (festa). Acredito que é possível fazer alguma ação concreta em favor da família. Basta cada um tomar consciência de que sem ela a vida humana perde o seu sentido e também o seu destino último: ser elo de comunhão dos seres humanos entre si e, destes, com o grande Doador da Vida, Deus. Por isso mesmo o brado cheio de esperança:

VIVA A FAMÍLIA! VIVA A VIDA! VIVA O AMOR!.

 

Pe. Antão Roberto - Vigário Paroquial