Artigo Pe. Antão - Quaresma

A Igreja celebra durante quarenta dias a sua preparação pascal, ou seja, prepara-se para fazer a memória da Ressurreição do Senhor Jesus. Esta é garantia para todos os que crêem em Jesus, como doador da Vida Plena, de que também participarão da Glória eterna. Assim, a Comunidade de fé celebra a sua esperança de ser acolhida no céu. Isto exige de cada um e de todos uma transformação radical no modo de viver: conversão.

Esta conversão só é possível caminhando passo a passo, isto é, num ritmo progressivo de aperfeiçoamento humano. Crescimento espiritual, afetivo e efetivo, ou seja, amadurecimento no amor e no comprometimento com a construção de uma comunidade fraterna e solidária. Para isto é necessária a busca de uma íntima comunhão com a Palavra de Deus, com seu Projeto de salvação (oração). Renúncia a tudo aquilo que nos impede de participar da Comunhão Trinitária que é modelo para a humana (jejum). É preciso ação, atuação nas situações de não-vida (pecado) para que a verdadeira Vida possa florescer entre nós. Nossa é a tarefa de colaborar para que os desígnios divinos aconteçam no hoje de nossa história (esmola).

Este é um dos sentidos ou significados da quaresma cristã que podemos encontrar. Ressalto que é necessária uma exegese, isto é, uma leitura atual dos aspectos que envolvem este Tempo Litúrgico para podermos celebrá-lo com o devido espírito cristão. Longe de ser um Tempo de tristeza, de medo e de amarguras, a Quaresma deve ser vista como Tempo da Graça divina, de renovação vital, de novas possibilidades humanas. Por isso mesmo Tempo de esperança, de alegria e de expectativa de festa. A vida humana se renova na vida divina. Isto é Páscoa, passagem da não-vida (pecado) para a Vida plena (graça) que realizamos com uma preparação profunda de todo o nosso ser. Caminhada da escravidão da morte (pecado) para a entrada e tomada de posse da “terra prometida” (Vida divina) que Deus bondosamente nos convida a fazê-la. Isto é quaresma.

 

Pe. Antão Roberto