Nosso Padroeiro

Biografia de São Sebastião

 

1º Capítulo: São Sebastião - Juventude e Valentia!

São Sebastião nasceu na cidade de Narbonne, ao sul da França, no final do século III, duma família ilustre. Seus pais mudaram-se para Milão (Itália) quando ele era ainda muito jovem; lá ele cresceu e foi educado.  Os cuidados de que fora rodeado desde sua juventude não foram infrutíferos, pois o santo jovem, desde os mais tenros anos, correspondia ao apelo da graça Divina que o convidava a uma vida de verdadeira santidade.

Deu provas de fortaleza cristã quando se mudou para a cidade de Roma, onde rebentara uma perseguição tremenda contra os cristãos. Já naquele tempo sentiu-se atormentado pelo desejo de derramar seu sangue pelo nome de Jesus Cristo.

Contudo, tendo sido seu pai militar, Sebastião desejou alistar-se sob as bandeiras imperiais, vestindo-se das insígnias do uniforme militar, chegando a ser capitão da primeira corte da guarda pretoriana, um cargo que só se dava a pessoas ilustres e corretas. Corria o ano de 284, época em que o Império Romano estava dividido e era governado no Ocidente por Diocleciano e no Oriente por Maximiano.

Sua dedicação e coragem valeram elogios dos companheiros e do Imperador que muito o estimava. Embora a corte romana fosse um local onde se praticasse todo tipo de corrupção, vícios, imoralidades e idolatrias, Sebastião jamais abandonou o caminho da virtude; jamais manchou sua alma inocente e sempre fiel à fé católica. Difundia o culto do verdadeiro Deus; era ao mesmo tempo, militar zeloso e discípulo fervoroso e obediente de Cristo. 

Sigamos o exemplo de São Sebastião triunfando de todos os perigos e seduções do mundo perverso, e roguemos que ele nos alcance a graça de conservar e defender intrepidamente a nossa santa fé católica até a hora de nossa morte.

2º Capítulo: São Sebastião - Auxílio dos Cristãos!

Durante todo o tempo que São Sebastião vivia na côrte, desempenhando seu papel de oficial e comandante das guardas Imperiais, ele cuidava atentamente de ocultar de Diocleciano, a religião que praticava; não o fazia por medo dos suplícios ou da morte, nem tampouco por apego aos bens deste mundo; agia desta forma para poder mais facilmente proteger os cristãos que eram perseguidos, presos e maltratados, e assim fortalecer aqueles que no meio dos suplícios estavam prestes a renegar sua fé.

Andava Sebastião de casa em casa, sustentando seus irmãos na fé, ensinando-lhes a desprezar os bens e alegrias da terra, para merecer as glórias celestiais. Suas palavras inflamavam os corações no santo desejo de morrer pelo nome de Jesus; acompanhava muitos cristãos até o lugar do suplício, exortando-os a perseverarem na fé até a morte. Além disso, trabalhava incessantemente em converter os pagãos, garantindo para Cristo, grande número de seguidores.

Nesta época viviam em Roma dois irmãos chamados Marcos e Marceliano, que além de riquezas, possuíam também esposa e filhos. Descobertos como cristãos, o Imperador mandou que os prendessem e os torturassem. Diante disso, os parentes e familiares de Marcos e Marceliano vieram com súplicas e lágrimas pedindo que renunciassem a fé cristã, para assim ficarem livres dos tormentos e da morte. Os dois mártires começaram a fraquejar, e pareciam sucumbir à apostasia; nesta hora chega Sebastião, que com palavras calorosas recorda-lhes a brevidade desta vida e o triunfo que os esperava no céu. Assim, Marcos e Marceliano não temeram em conservar sua fé e morrer por Cristo.

Sigamos o exemplo de nosso santo, sejamos apóstolos da Nova Evangelização e trabalhemos em conservar na fé e fidelidade à Cristo todos que foram confiados aos nossos cuidados.

3º Capítulo: São Sebastião - PROFETA DO ALTÍSSIMO!

O zelo com que São Sebastião animava os cristãos para que corajosamente sofressem o martírio, agradou sumamente ao céu que se dignou glorificar seu servo com o dom de muitos milagres. Os mártires Marcos e Marceliano tinham sido conduzidos à casa de Nicóstrato, oficial romano, encarregado de prendê-los e torturá-los. Ora, aconteceu que enquanto Sebastião animava a fé dos dois irmãos, a casa de Nicóstrato ficou iluminada de uma luz intensa que deixou a todos apavorados. No meio da luz apareceu Jesus Cristo acompanhado de sete anjos, e aproximando-se de Sebastião, deu-lhe o ósculo da Paz.

Zoé, esposa de Nicóstrato, estava atacada de violenta enfermidade; havia já três anos que tinha perdido a fala. Ao contemplar a luz que envolveu Sebastião, recuperou imediatamente a fala, manifestando o desejo de receber o batismo. Testemunha deste milagre, Nicóstrato lança-se aos pés de Sebastião e manifesta-lhe também o desejo de se tornar cristão.

O carcereiro Cláudio, informado de todos esses acontecimentos conduziu sua família até Sebastião para que recebessem o batismo; seguiram-se novos milagres. Um dos filhos de Cláudio era hidrópico e o outro tinha o corpo coberto de úlceras; ambos ficaram
imediatamente curados e recobraram a saúde perfeita.

Havia ainda um homem chamado Tranquilino, que sofria acessos de gota, tão dolorosa que com custo havia se arrastado até a casa de Nicóstrato. No momento em que se aproximava de Sebastião dava gritos horríveis de dor, mas Sebastião rezou por ele e no momento em que foi batizado, eis que suas mãos e articulações atrofiadas recuperaram a elasticidade e o vigor da juventude.

Sigamos o exemplo de São Sebastião e trabalhemos com zelo e vigor pela conversão dos hereges, pecadores e dos inimigos de Deus, e o céu favorecerá nossos esforços com milagres da graça!

4º Capítulo: São Sebastião - HERÓI DA FÉ CRISTÃ!

São Sebastião foi testemunha da coragem sobre-humana de muitos cristãos que, em meio a suplícios terríveis, haviam derramado o sangue por Jesus. Ele mesmo havia infundido essa fortaleza do Espírito Santo a muitos destes cristãos animando-os com palavras ardentes; era natural que ele também ardesse em desejo de morrer por Jesus Cristo e unir-se aos santos mártires do céu.

Seu desejo não demorou a ser satisfeito. Um infeliz apóstata, chamado Fabiano, contou ao Imperador Diocleciano que Sebastião, seu alto comandante Imperial, era também cristão e trabalhava incessantemente em converter os pagãos. Diocleciano mandou chamar Sebastião e perguntou-lhe se este o havia traído adotando o cristianismo. Sebastião, com coragem respondeu-lhe que, a seu ver, não podia prestar melhor serviço ao Estado e também ao Imperador do que adorando o verdadeiro Deus.

Irritado com essas palavras, ordenou o imperador sem outra forma de processo, que Sebastião fosse preso, amarrado a um poste e seu corpo atravessado com fechas; para isso convocou os arqueiros da Mauritânia, os melhores do Império. Foi então Sebastião conduzido para fora da cidade; os soldados o desnudaram, amarraram-no a uma árvore e lançaram sobre ele uma chuva de flechas; o corpo de nosso mártir ficou coberto de setas, o sangue corria em rios por todos os lados, da forma mais desumana e julgando-o morto, o abandonaram em pleno campo.

Era o ano 288. Já altas horas da noite, uma piedosa mulher chamada Irene, vai com um grupo de amigos procurar o corpo do santo para dar-lhe sepultura honrosa, mas apenas toca respeitosamente o corpo do mártir, vê admirada que este ainda se conservava milagrosamente vivo. Ela, cuidadosamente tira-lhe as setas, desata-lhe as cordas, e o leva para sua casa; com a maior cautela cuida de suas feridas e após pouco tempo vê-se Sebastião outra vez com força e saúde. Deus preservara a vida de seu servo, pois lhe reservava um martírio ainda mais glorioso.

Aprendamos com São Sebastião a sofrer com paciência as adversidades da vida e corajosamente estarmos dispostos a morrer, se preciso for, em defesa de nossa santa fé católica.

5º Capítulo: São Sebastião - MISSIONÁRIO DA CRUZ!

Os cristãos, vendo que Sebastião já havia se restabelecido das graves feridas, exortavam-no para que se escondesse do Imperador para sua maior segurança; porém o santo, desejoso de glorificar o nome de Jesus e sacrificar-se pelo amor daquele que por ele tinha morrido na cruz, não se deteve diante do medo da violência e da perseguição.

Era o dia 20 de janeiro, dedicado em homenagem ao imperador. Sebastião corre ao palácio e no momento em que Diocleciano passava por entre a multidão, Sebastião lhe dirige animosamente a palavra, expondo-lhe que andava enganado, adorando os falsos deuses e perseguindo os cristãos.

Diocleciano ficou surpreendido ao ver aquele que já julgava morto, ao que Sebastião lhe respondeu: "Nosso Senhor chamou-me de novo à vida para que eu viesse na presença de todo o povo protestar contra a iniquidade e barbaridade que cometes contra os servos de Jesus Cristo".

Tomado de ódio, o Imperador mandou que o prendessem, o conduzissem ao centro do hipódromo e na sua frente o espancassem com paus e bolas de chumbo até a morte.  Aproximaram os algozes e começaram a açoitar o herói de Jesus Cristo, de forma tão bárbara e desumana, que a carne lhe caía aos pedaços. No meio de tão horrível suplício, Sebastião não soltou uma só palavra, não desviou um só momento seu espírito do céu, entregando enfim sua alma nas mãos do Criador.

Diocleciano ordenou ainda que jogasse, em segredo, o corpo do santo no esgoto de Roma para que não fosse encontrado e os cristãos não lhe dessem as honras do martírio. Ficou então o corpo de Sebastião pendurado por um gancho. Deus, porém não permitiu que os despojos de seu servo permanecessem em local tão indigno. São Sebastião apareceu em sonho a uma cristã de muita virtude chamada Lucina a quem ordenou que fosse depositar seu corpo no cemitério de São Calixto, aos pés dos apóstolos São Pedro e São Paulo.

Mais tarde, neste local, seria construída uma maravilhosa Basílica em honra de nosso venerável mártir.

6º Capítulo: São Sebastião - LAVADO PELO SANGUE DO CORDEIRO!

"As almas dos justos estão nas mãos de Deus; nenhum tormento as tocará, aos olhos dos insensatos pareceram morrer, no entanto estão na Paz; por terem sofrido um pouco, receberão grandes bens, porque Deus os provou e os achou dignos de si" (Sab. 3,1-5).

Se considerarmos a antiguidade do culto ao mártir São Sebastião, a imensa celebridade do seu nome, a veneração, a fé e a devoção que os povos sempre tributaram à sua memória, acharemos poucos santos que a ele se possam comparar. A primeira glória de nosso Santo foi o título de "defensor da Igreja" que o Papa São Caio criou para recompensar seu zelo e porque ele a sustentou dignamente pela constância do seu martírio.

Os santos padres o têm celebrado com entusiasmo. Santo Ambrósio o apresenta como modelo do verdadeiro cristão, e São Gregório Magno deu grande incremento à devoção dos fiéis para com o santo mártir. Já desde os remotos tempos, os cristãos começaram a construir capelas e igrejas em honra dele e o aniversário de sua morte, (20 de janeiro), sempre foi celebrado com grandes solenidades

Na cidade de Roma, sobre a catacumba onde repousam os restos mortais do mártir, foi construída no século VI uma maravilhosa basílica, célebre por inúmeros milagres. Além desta Basílica, Roma possui mais três Igrejas em honra do mártir. Também em Milão, onde o santo passou sua juventude, existe um magnífico templo em sua honra. Na ocasião em que a cidade de Milão foi assolada pela peste, os habitantes fizeram voto de jejuar na véspera da festa do santo e a cidade viu-se livre do contágio.

Seria difícil enumerar todos os Santuários erigidos em honra de nosso santo mártir. O fato é que a Igreja católica sempre lhe tributou homenagens extraordinárias e um culto que no decorrer dos séculos espalhou-se pelo mundo inteiro.

Tributemos também nossa devoção ao santo mártir para que dos altos céus ele nos proteja e defenda dos perigos de alma e corpo.

7º Capítulo: São Sebastião - EXALTADO PELO SENHOR!

O corpo de São Sebastião, como já vimos, foi mostrado pelo próprio santo num sonho a santa Lucina. Cerca de meia noite, após o martírio, Lucina, acompanhada de seus servos, retirou da cloaca de Roma, o corpo do santo, para depositá-lo no local por ele indicado.

Assim que lá chegou, apressou-se em dar-lhe sepultura e passou trinta dias junto ao seu túmulo em intensa oração. Em recompensa por sua devoção, São Sebastião voltou a aparecer-lhe para dar-lhe conselhos para sua vida espiritual. Mais tarde, Santa Lucina transformou seu lar em templo sagrado deixando todos os seus bens para socorrer os fiéis.

O corpo de São Sebastião existe ainda, senão inteiro, ao menos em grande parte, no túmulo de mármore construído por ordem de Honório III. No correr dos tempos foram destacadas do corpo diversas relíquias, depositadas em Roma ou enviadas para diversos países.

A cabeça do santo encontra-se na Basílica do Vaticano, em Roma; um braço e uma das setas na basílica de Santa Maria Maior. No ano de 826 preciosas relíquias do corpo de São Sebastião foram colocadas numa abadia da França e nesta ocasião ocorreram numerosos e estupendos milagres.

Esses milagres contribuíram para que o culto ao santo mártir se espalhasse rapidamente pelo mundo, e sua devoção tenha adquirido tanta popularidade. Em Portugal existem 92 paróquias dedicadas a ele, e no Brasil, mais de 200 Igrejas o têm como protetor, além de ser padroeiro oficial da Cidade do Rio de Janeiro. Em nossos dias a igreja celebra sua festa no dia 20 de janeiro.

Guardemos, em todos os dias de nossa vida, uma devoção especial a São Sebastião; invoquemo-lo em todos os perigos e nossa fé será abundantemente recompensada pelo santo mártir que jamais deixa de interceder por seus devotos.

8º Capítulo: São Sebastião - DEFENSOR DA HUMANIDADE!

De todos os flagelos que assolam a humanidade, nenhum há que seja tão terrível como a peste, as doenças, a fome e a guerra. Isto porque não há outros que possam ferir de forma tão violenta a pessoa humana. Nestes momentos lutuosos, o povo cristão volve seu olhar cheio de fé a São Sebastião, e este guerreiro mártir, toma com amor a defesa de seus devotos.

Entre os antigos as setas eram o símbolo da peste, como também as Escrituras Sagradas chamam as epidemias de "setas abrasadoras da Ira Divina". Desta forma São Sebastião, cujo corpo foi cruelmente transpassado por uma chuva de setas, tornou-se na piedade popular, o protetor daqueles que se vêem atingidos pelo mal.

Quando no ano 680 d.C. sob o pontificado do papa Agatão, a peste negra fez na Itália estragos medonhos, os fiéis recorreram a São Sebastião fazendo voto de erigir um santuário em sua honra. A epidemia desapareceu por completo; as cidades italianas de Ferla, Cápua, Siracusa e Desulo experimentaram com igual eficácia a intervenção de São Sebastião por ocasião de uma peste que fazia grande número de vítimas.

Mais terrível estrago ainda fez a peste na cidade de Milão em 1575, sendo bispo São Carlos Borromeu, que dirigiu em diversas igrejas da cidade, orações e súplicas a São Sebastião; e assim se viram livres dos horrores da peste.

Também em 1568, a cidade de Lisboa, em Portugal, se viu assolada pela enfermidade; foi quando Dom Frei Bartolomeu dos Mártires,
ao celebrar missa numa capela onde havia uma imagem de São Sebastião, viu que ela estava totalmente coberta de suor. Maravilhado com tal prodígio, carregava a imagem tentando enxugar-lhe o suor; porém quanto mais enxugava a imagem, cobria-se dele. Os sinos da cidade começaram então a repicar e houve um clamor geral e muitos que se achavam feridos pela peste, ao contato com aquele suor milagroso, ficaram curados, cessando a partir daí o flagelo em toda cidade.

Recorramos também nós ao valoroso mártir diante das enfermidades e epidemias que assolam nosso mundo, certos de que ele nos defenderá de todos os males.

9º Capítulo: São Sebastião - GUERREIRO E FIEL PADROEIRO!

A grandeza do mundo é uma sombra, uma fumaça que se dissipa. Não é assim a grandeza e a felicidade do homem justo. Cumprindo os preceitos de Deus, o Altíssimo se compraz nele, e a sua memória é igual a duração dos séculos, não terá fim. Tal é a glória de nosso santo mártir; fiel à graça divina, uniu o seu batismo nas águas, ao batismo de sangue, testemunhando com a vida o nome de Jesus.

Foi apóstolo abrasado no fogo do Espírito Santo e zeloso batalhador da fé cristã; fortaleceu muitos cristãos e protegeu todos os fiéis, e tanto na vida quanto na morte, mostrou-se varão justo e sem defeito. Na eternidade feliz onde goza o prêmio infinito de sua fidelidade e virtudes, é o protetor da Cristandade e o amparo dos pecadores.

Um santo assim tão ilustre merece um culto especial, uma devoção fervorosa e uma correspondência agradecida por tantos benefícios recebidos. Honrando sua memória devemos é imitar suas virtudes e seguir suas pegadas, para que um dia possamos, em sua companhia, louvar e possuir a Deus durante toda eternidade.